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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ENSINO MÉDIO: Todas elas são feiticeiras!

Planos de aula
Ensino Médio
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História
Brasil Colônia

Plano de Aula
Todas elas são feiticeiras
Sensuais, sábias e imprevisíveis, as mulheres forneceram a matéria-prima com que foram idealizadas as bruxas.
- retirado da revista Nova escola on-line

Este plano de aula está ligado à seguinte reportagem de VEJA:

As bruxas paulistas

13 de outubro de 1999

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Objetivos
Debater o poder espiritual, político e econômico da Igreja Católica no período colonial

Introdução
Toda mulher é uma bruxa, proclamam com orgulho muitas mulheres. Elas se referem a aspectos do "poder feminino" cada vez mais presentes, tais como sensibilidade, intuição e sintonia com os ciclos da natureza - em especial com o ciclo lunar de 28 dias, o ritmo do ciclo menstrual. Os homens que exerciam o poder político e religioso, na Idade Média e no início da Idade Moderna, também acreditavam que toda mulher era feiticeira - e morriam de medo. Ficavam particularmente perturbados com o "líquido menstrual", capaz de transformar um marido respeitável "num pateta", como registra um processo redescoberto nos arquivos da Cúria Metropolitana de São Paulo, citado na reportagem de VEJA. A tortura e a fogueira reservadas às bruxas foram os instrumentos extremos dessa cruzada pela submissão feminina, que também se manifestava nas leis e nos sermões de padres católicos e pastores protestantes. Afinal, "porta do diabo", "inimiga da paz", "macho mutilado e imperfeito" foram palavras com que os pensadores cristãos descreveram a mulher, não a feiticeira.

A mulher e a bruxa não foram as únicas vítimas da repressão. O plano de aula mostra que outras minorias sociais como os cristãos-novos também sofreram perseguições por suas práticas religiosas "mutiladas e imperfeitas". Dessa maneira, as elites da Europa e das colônias americanas encontraram bodes expiatórios aos quais atribuíram a responsabilidade pelos problemas de suas populações. Use essa aula para discutir, com seus alunos, as questões do preconceito e da intolerância religiosa, tristemente atuais.

Hereges, bruxas e cristãos-novos
O órgão encarregado de julgar as bruxas paulistanas surgiu em 1231. Era o Tribunal da Inquisição ou Santo Ofício, criado para combater a heresia albigense, assim chamada por ter como pólo a cidade de Albi, no sul da França. De início, a igreja mobilizou contra os hereges a eloqüência dos dominicanos, mas logo recorreu a armas de mais impacto: a partir de 1252, os inquisidores passaram a torturar as pessoas que interrogavam.

Nos séculos XV e XVI, na Península Ibérica, os reis comandaram a Inquisição como forma de fortalecer seu poder político. Em Portugal, os reis D. Manuel I e D. João III implantaram o Tribunal do Santo Ofício. Suas principais vítimas foram os cristãos-novos, descendentes dos judeus forçados a se converter em 1496. Muitos desses cristãos-novos vieram para o Brasil, onde ocorreram algumas Visitações da Inquisição no período colonial. Centenas de pessoas foram denunciadas durante essas visitações. Algumas eram de fato adeptas do judaísmo de seus pais e avós, mas outras não passavam de vítimas da inveja de algum inimigo. Aqueles considerados culpados de crime contra a fé foram enviados a Portugal e punidos dos modos mais cruéis, desde o açoite até a morte na fogueira ou óleo fervente. A execução coletiva dos condenados pela Inquisição tornou-se conhecida como auto-de-fé. Realizaram-se 760 autos-de-fé nos 285 anos de inquisição em Portugal.

Na Europa protestante, onde não existia Inquisição, a intolerância religiosa voltou-se basicamente contra as bruxas. A feiticeira consolidou-se durante a Idade Média como figura do demônio, identificável menos pela aparência que por seus feitos malignos: secar o leite das mães, matar as crianças e então comê-las, fazer filtros (poções) para vários fins: provocar sofrimento, enlouquecer, despertar a paixão etc.

Tal figura, criada pelo imaginário popular, era perseguida em épocas de crise, como forma de punir um bode expiatório e resgatar o equilíbrio social. Milhares de mulheres morreram em meio às chamas pelo crime de bruxaria. Como salienta o texto de VEJA, muitas delas eram parteiras, conhecedoras de ervas e detentoras de outras formas do saber feminino.

No Brasil colonial, a feitiçaria esteve ligada à religiosidade popular, agregando crenças diversas de origem cristã, judaica (dos cristãos-novos), muçulmana, africana e indígena. Faziam parte do cotidiano as mezinhas, as bolsas de mandinga e os amuletos para curar tudo, desde bicheiras até calundus. Algumas dessas práticas perduram até hoje entre nós - que plantamos "sete ervas" nos vasos e nos jardins, nos benzemos contra o mau-olhado e o quebranto, batemos três vezes na madeira e carregamos escapulários, patuás e figas para nos proteger do mal.

Atividades
1. Encarregue os alunos de pesquisar as práticas de superstição no cotidiano. Depois, procure relacioná-las com as práticas religiosas dos povos que formaram o povo brasileiro, em particular o português, o africano e o indígena.

2. Solicite uma comparação entre a figura da bruxa na tradição anglo-saxã, que aparece nos filmes de Hollywood, e as bruxas da reportagem de VEJA (da tradição ibérica).

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